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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
Con informações da Contraf-CUT
O Comando Nacional dos Bancários se reuniu nesta segunda-feira (28), no Sindicato dos Bancários e Bancárias de Brasília, no Distrito Federal. Durante o encontro, os participantes6 aprovaram a realização da Consulta Nacional 2025. O objetivo é traçar o perfil da categoria para criar estratégias de luta sintonizadas com as necessidades e os principais desafios dos bancários e bancárias.
Os dirigentes sindicais definiram ainda a participação na Marcha da Classe Trabalhadora, que acontece nesta terça-feira (29), também na capital federal. A manifestação tem como principais bandeiras, a redução da escala 6x1 e o Projeto de Lei (PL) nº 1.087/2025, que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem recebe remuneração de até R$ 5 mil/mês, desconto do IR para quem ganha até R$ 7 mil/mês e propõe a taxação para os super-ricos, pessoas com remuneração acima de R$ 600 mil por ano. As duas propostas tramitam no Congresso Nacional e a ideia do movimento sindical é fazer com os trabalhadores pressionem os parlamentares a aprovarem os dois projetos.
O Comando também divulgou as datas das conferências estaduais e regionais da campanha nacional 2025.
Marcha em Brasília
O encontro começou com o apoio dos representantes das federações à Marcha da Classe Trabalhadora, organizada pelas centrais sindicais, incluindo a Central Única dos Trabalhadores (CUT), e que será realizada nessa terça-feira (29)
As principais pautas que serão defendidas neste ano são a redução da jornada de trabalho, com o fim da escala 6x1, e o Projeto de Lei da isenção do IR, de iniciativa do governo Lula.
A maior dificuldade para aprovação da proposta de ampliação da isenção do IR é a taxação dos super-ricos, pois parlamentares de direita e extrema-direita que representam as classes dominantes estão se opondo a tributação para pessoas de alta renda. A proposta da equipe econômica do governo é tributar quem tem renda mensal superior a R$ 50 mil, o equivalente a R$ 600 mil por ano. O objetivo é arrecadar R$ 25,22 bilhões em 2026 a fim de compensar o impacto da isenção sobre as contas públicas.
Bancários beneficiados
Caso seja aprovado, o projeto beneficiará cerca de 26 milhões de brasileiros, entre isentos e pessoas que pagarão menos IR.
Cerca de 54 mil bancários não precisarão pagar IR, e 68 mil terão descontos na hora de pagar, o que pode resultar em um dinheiro anual equivalente a um 14º salário para estes trabalhadores.
A proposta da redução da jornada de trabalho com o fim da escala 6 x 1 e a criação 4 X 3 beneficiaria muitas categorias de trabalhadores.
“Apesar de a categoria bancária já ter conquistado a escala 5x2, nós somamos força às demais categorias pelo fim da escala 6x1. A redução da jornada, com manutenção dos salários, é uma forma de compartilhar os benefícios dos avanços da tecnologia com toda a sociedade, contribui para a redistribuição de renda e induz a criação de empregos”, destacou, na abertura, acrescentou a coordenadora do Comando Nacional e presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira.
Consulta Nacional
O Comando Nacional também aprovou o conteúdo da Consulta Nacional aos bancários e bancárias 2025 e o seu lançamento no dia 15 de maio.
Entre os temas que estão contemplados na Consulta deste ano estão: avaliações sobre as conquistas obtidas ao longo da6 história pela categoria, os principais anseios dos trabalhadores do setor e como os trabalhadores avaliam questões macroeconômicas e políticas do país, como, por exemplo, o PL que amplia a isenção do IR e propõe a taxação aos super-ricos.
Análise de conjuntura
Paulo Gil, auditor-fiscal aposentado da Receita Federal e vice-presidente do Instituto Justiça Fiscal, fez uma análise de conjuntura ao discutir a importância do projeto de lei de isenção do imposto de renda.
"Não existe nenhum país do mundo que aumentou fortemente a despesas governamentais, para melhorar a qualidade de vida da população, sem a tributação progressiva: ou seja, quem ganha mais, paga mais", explicou Gil.
"A tributação tem o papel de estabilizar, coordenar a economia, para que o investimento seja feito de forma direcionada pelo Estado. Para isso, o Estado tem que criar estratégia para que os mais ricos não entesourem dinheiro, enquanto os mais pobres e a classe média são demasiadamente onerados. Por isso, o sistema fiscal, além de fazer a distribuição correta dos gastos, tem que reduzir as desigualdades, exigindo mais dos super-ricos", completou.
O especialista acrescento ainda que, atualmente, na estrutura tributária brasileira, 59% da tributação recai sobre os preços, portanto penaliza mais os consumidores, atingindo sobretudo a população de baixa renda e a classe média.
Na avaliação do palestrante, o Projeto de Lei (PL) nº 1.087/2025 seria uma maneira de reduzir essa distorção, por meio do Imposto de Renda.
Segundo Gil, os mais ricos pagam uma alíquota efetiva de IR de cerca de 4,5%, muito inferior ao que paga um bancário (perto de 8%).
“Em 2022, na faixa onde o ‘mais pobre’ dos super-ricos recebe cerca de R$ 2 milhões/mês e o ‘mais rico’ R$ 110 milhões/mês (grupo que representa 0,01% dos declarantes do Imposto de Renda) pagava entre 4,46% e 5,15%. Mas, uma matéria recente, divulgada no jornal Valor Econômico, mostrou que a Receita Federal identificou três pessoas no Brasil que tiveram rendimentos superiores a R$ 1 bilhão, em 2022, mas tiveram alíquota de Imposto de Renda em torno de 2%”, ressaltou Paulo Gil.
Conferências definidas
Das 11 federações que fazem parte do Comando Nacional dos Bancários, 7 já definiram locais e datas de suas conferências. A da Federa-RJ (Federação das Trabalhadoras e Trabalhadores no Ramo Financeiro do Estado do Rio de Janeiro) será dias 23 e 24 de maio.