Os sindicatos da categoria bancária em todo o país e os empregados da Caixa Econômica Federal conseguiram um importante apoio na luta contra a transferência das lotéricas para uma subsidiária da estatal. Após pressão de sindicalistas na audiência pública realizada na quarta-feira passada (3/4), na Comissão de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados, em Brasília, os parlamentares decidiram apoiar a demanda dos bancários e a Comissão pediu a suspensão da medida e a abertura de diálogo com os trabalhadores, além de anunciar que irá convidar o presidente da Caixa, Carlos Vieira, indicado para o cargo em novembro do ano passado, por pressão do Centrão e do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), para explicar o projeto.

Sem diálogo e transparência

A mudança estava sendo preparada sem nenhuma transparência. A secretária adjunta de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda, Simone Aparecida Vicentini, disse que o ministério não tinha conhecimento sobre a proposta.
A presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, mostrou no encontro que a arrecadação das Loterias Caixa chegou a R$ 23,4 bilhões em 2023, e que 39,2% deste total (R$ 9,2 bilhões) foram destinados a programas sociais do Governo Federal, como o Fies.
Os sindicalistas consideram a transferência da lotérica, assim como o setor de cartão de crédito para subsidiárias, como um “fatiamento” para preparar a empresa para uma privatização, ideia defendida por parlamentares do Centrão e pela oposição ao governo no Congresso Nacional.
“A falta de diálogo com os empregados está sendo uma constante na gestão da atual diretoria da Caixa. Pela segunda vez consecutiva a empresa cancelou a rodada de negociação com a Comissão Executiva dos Empregados (CEE) para debater demandas como o PCDs e o pagamento dos deltas referente a promoção por mérito 2023. A primeira reunião, marcada para 28 de março, acabou transferida para 4 de abril, sendo esta também, cancelada no mesmo dia”, criticou o presidente do Sindicato do Rio José Ferreira (confira em nosso site mais detalhes sobre o cancelamento das negociações).
A justificativa da atual direção da empresa de que “a transferência é necessária para que haja maior agilidade operacional” e para “melhorar a área tecnológica” não convence os sindicatos. Os sindicalistas consideram que a saída são mais investimentos na estatal e um debate democrático sobre o tema com os trabalhadores.