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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
O campo progressista e popular perdeu a professora Zuleide Faria de Melo, de 92 anos. Militante comunista, sempre solidária às causas populares, aos mais pobres e à luta socialista, ela participou ativamente de campanhas em apoio à revolução cubana e contra o embargo econômico à Havana, pelo governo dos EUA.
A despedida ocorrerá nesta sexta-feira, 30 de maio, na Capela 7 do Cemitério Memorial do Carmo, das 10h às 13h, no bairro do Caju (Rua Monsenhor Manoel Gomes, 287.
Uma vida de fibra
Nascida em uma família religiosa e conservadora de minifundiários da cidade de Limoeiro, região central do estado de Alagoas, mudou-se com sua família para o Rio de Janeiro quando tinha ainda 11 anos de idade. Mulher de coragem e de fibra, uma comunista de verdade, que nunca abriu mão de suas convicções ideológicas e sempre foi solícita com os mais jovens desejosos de conhecer a história dos movimentos revolucionários.
Militância no PCB
Entrou oficialmente para o PCB (Partido Comunista Brasileiro) no dia 25 de março de 1965, mas iniciou de fato sua militância logo após o golpe de 1964, quando, após agir para liberar da prisão seu primo Jurandir Bóia, diretor da UNE (União Nacional dos Estudantes), abrigou em sua casa militantes perseguidos pela ditadura, desde membros das Ligas Camponesas a quadros comunistas como Jayme Miranda.
Nos anos 1970, ficou responsável por datilografar e imprimir textos e jornais do Partido, como o Voz Operária. Em 1974, juntamente com José Sales e Marly Vianna, membros do Comitê Central, participou da viagem de carro a São Paulo para levar para o Rio todo o acervo do Arquivo de Astrojildo Pereira, cuja documentação foi para a Itália em 1977, passando a compor o Archivio Sociale della Memoria Operaia Brasiliana.
Na década de 1980, ajudou a organizar a luta popular no Morro dos Macacos, em Vila Isabel. E passou a se dedicar à causa internacionalista, ocupando cargos no Instituto Cultural Brasil-União Soviética, no CONDEPAZ (Conselho Brasileiro de Defesa da Paz) e na Associação Cultural José Marti, de solidariedade a Cuba, onde exerceu a presidência por muitos anos.
Zuleide entrou para o Comitê Central do PCB em 1987, no VIII Congresso. Fez parte do Movimento em Defesa do PCB, em 1992, cedendo sua casa para reunir o comando central da resistência à tentativa de liquidar o Partido. Depois ocupou a presidência do PCB, em sucessão de Horácio Macedo, até o ano de 2008. Foram décadas de uma militância marcada por generosa solidariedade de classe, grandeza política e firme convicção ideológica.
A vida acadêmica
Formada em Ciências Sociais pela antiga Universidade do Brasil (atual UFRJ), por culpa da ditadura somente começou a lecionar a partir de 1979 no IFCS. No ano anterior havia entrado para o CEBRADE (Centro Brasil Democrático), entidade criada por Oscar Niemeyer para avançar a luta contra a ditadura.