Sexta, 07 Agosto 2020 22:25
EMPREGOS

Bradesco também descumpre acordo com bancários e demite em plena pandemia

Banco descumpre acordo de não dispensar trabalhadores durante a pandemia e começa a reduzir quadro de funcionários para aumentar os lucros
O diretor do Sindicato Geraldo Ferraz critica a política de demissões do Bradesco. O banco anunciou o fechamento ou mudança de perfil de pelo menos 400 unidades físicas O diretor do Sindicato Geraldo Ferraz critica a política de demissões do Bradesco. O banco anunciou o fechamento ou mudança de perfil de pelo menos 400 unidades físicas

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

O Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro tem recebido várias denúncias de demissões no banco. Os sindicalistas denunciam que as dispensas fazem parte do processo anunciado na grande imprensa pelo presidente da instituição, Octavio de Lazari Júnior, da extinção de mais de 400 agências e departamentos em todo o país. 
“O Bradesco quando não consegue dar uma justa causa, alega “problemas de conduta” dos funcionários. Na verdade o banco usa de subterfúgios com o objetivo de cortar mão de obra em função da política de redução de unidades físicas a fim de diminuir os custos para aumentar os lucros”, critica o diretor do Sindicato, Geraldo Ferraz. 
O diretor da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) Almir Aguiar lembra que, assim como o Santander, o Bradesco também descumpre o acordo firmado com o Comando Nacional da categoria de não demitir durante o período da pandemia. 
“Além de ser uma prática desumana e de contribuir para o agravamento da crise econômica, o aumento do desemprego e a perda da renda das famílias aprofundam ainda mais a recessão iniciada em 2016. O Governo Bolsonaro que não cuida nem de proteger a vida do povo brasileiro e a política econômica do Ministro Paulo Guedes sepultam de vez qualquer possibilidade de recuperação econômica pós-pandemia”, explica. 
Vinícius Assumpção, vice-presidente da Contraf-CUT, também ficou indignado com as dispensas de trabalhadores. “Há 40 anos o sistema financeiro é o setor mais lucrativo do país e continua faturando bilhões de reais, mesmo com a grave crise econômica. Além disso, tiverem várias benesses do atual governo, como os R$1,2 trilhão garantido através do Banco Central, a compra de ‘títulos podres’ com dinheiro público e a redução de impostos sobre os lucros em plena crise da pandemia enquanto o país assiste passivamente a falência de indústrias, o fechamento de lojas comerciais e o aumento do desemprego e da miséria. E agora Guedes anuncia uma redução ainda maior dos impostos do setor, elevando a carga tributária sobre o consumo. Não há porque demitir”, afirma o sindicalista.

O Bradesco teve um lucro líquido recorrente no segundo trimestre de 2020 de R$ 3,87 bilhões. Apesar dos números oficiais do banco registrarem uma queda de 40,1% nos resultado em relação ao mesmo período de 2019, a segunda maior instituição privada também utilizou a estratégia de superdimensionar a Provisão de Devedores Duvidosos (PDDs), uma considerável transferência dos ganhos para proteger a empresa de possíveis calotes, em função da crise da pandemia, o que acaba impactando negativamente no resultado dos lucros. O reforço para as provisões foi de R$ 3,8 bilhões em função da expectativa de inadimplência. 

"Na verdade, os resultados são extraordinários e se não fossem as provisões, os números oficiais seriam praticamente o dobro. O Banco precisa ter compromisso social, cumprir o acordo e garantir os empregos", conclui Geraldo. 

Mídia