Terça, 10 Dezembro 2019 20:40

Bancários debatem sobre o racismo no Brasil e a visibilidade negra nos bancos

Almir Aguiar, Secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, destacou a importância do debate sobre o racismo no mercado de trabalho e cobrou dos bancos a contratação de mais negros e negras Almir Aguiar, Secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, destacou a importância do debate sobre o racismo no mercado de trabalho e cobrou dos bancos a contratação de mais negros e negras

A Secretaria de Combate ao Racismo da Contraf-CUT realizou em Belo Horizonte, nos dias 28 e 29 de novembro, o V Fórum Nacional pela Visibilidade Negra no Sistema Financeiro. O evento promoveu vários debates sobre a inserção de negras e negros no mercado de trabalho, o processo histórico da escravidão, a visibilidade negra no setor bancário, a violência e encarceramento da população negra e discutiu também estratégias para garantir a contratação de mais negros nas instituições financeiras.
Negros e a civilização
O professor Ramatis Jacino abordou o Resgate do Trabalho Escravo e a importância do Continente Africano no processo de construção da civilização ocidental.
“Nossa história não se resume à escravidão. A contribuição que o povo africano deu para a civilização, para a economia, para o desenvolvimento científico e tecnológico é muito grande”, explicou.

Retrocesso
A ex-ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), Matilde Ribeiro, destacou a importância das políticas de igualdade racial durante os governos Lula e Dilma para retomar uma discussão histórica sobre a escravidão no país. “Precisamos reconhecer que houve escravidão no Brasil e que ela deixou marcas profundas até os dias de hoje. No dia 14 de maio de 1888 os negros deixaram de ser escravos, mas não se tornaram cidadãos e assim não o são até hoje”.
O sociólogo Martvs das Chagas, que foi Secretário Nacional de Ações Afirmativas e Ministro de Promoção da Igualdade Racial na gestão do presidente Lula, disse que as pessoas reconhecem que há racismo no Brasil, mas ninguém se identifica como racista e que antes de conquistar quaisquer outros direitos a população negra precisa conquistar o direito à vida.
“A população negra tem que ter o direito à vida, para depois ter o direito à educação, à saúde, ao mercado de trabalho”, alerta.
Almir Aguiar, Secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, fez uma avaliação da importância do evento.
“O Brasil precisa debater o racismo porque vivemos tempos tenebrosos de retrocesso, em que o governo Bolsonaro nomeia para a Fundação Palmares – Sérgio Nascimento Camargo – um negro que reproduz o discurso dominante e racista, ofendendo a comunidade negra, que a entidade deveria defender”, afirmou. O sindicalista elogiou a decisão do juiz da Justiça do Ceará, que suspendeu a nomeação do presidente da Fundação Palmares.

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