Quinta, 04 Julho 2019 18:45

Comissão apressa reforma devido à queda de popularidade de Bolsonaro

Trabalhadores vão realizar grande mobilização, em Brasília, para barrar projeto que aniquila o direito à aposentadoria e põe em risco a Previdência Social
A Comissão Especial da Câmara dos Deputados aprova o projeto da reforma da Previdência do governo Bolsonaro. Rodrigo Maia (DEM) quer aprovar proposta, em plenário, antes do recesso parlamentar, no dia 18 de julho A Comissão Especial da Câmara dos Deputados aprova o projeto da reforma da Previdência do governo Bolsonaro. Rodrigo Maia (DEM) quer aprovar proposta, em plenário, antes do recesso parlamentar, no dia 18 de julho

Por 36 votos a 13, a Comissão Especial da Câmara dos Deputados apressou o tramite da reforma da Previdência (Proposta de Emenda Constitucional 6), aprovando, nesta quinta-feira (4/6), na Comissão Especial, o relatório apresentado pelo deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), mantendo, quase na íntegra a proposta do governo Jair Bolsonaro. De maneira covarde, a proposta, na prática, impede a aposentadoria integral, ao exigir 40 anos de contribuição para que se tenha acesso ao benefício, além de criar a idade mínima de 62 anos para a mulher e de 65 anos para o homem. E ainda reduzi pela metade as pensões em caso de morte do cônjuge e o valor do Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago a idosos sem renda.

Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, foi um dos responsáveis por articular a antecipação da votação, com os partidos governistas. De olho nas pesquisas que apontam aumento na rejeição ao governo, em função de seguidos escândalos, Maia temia perder os votos necessários para a aprovação. Após a votação na Comissão, Maia disse que pretende aprovar a PEC 6 no plenário, antes do recesso do Congresso Nacional, que começa em, 18 de julho.
Orientaram os deputados a votarem a favor da reforma, PSL, partido de Bolsonaro, DEM, PSDB, PRB, PP, PL, PSD, Podemos, MDB, PROS, PSC, Cidadania, Novo e Avante. PT, PSOL, PCdoB, PSB, PDT e PV orientaram a rejeição. Agora, a PEC vai a plenário, onde terá que ser aprovada em dois turnos. Caso isso ocorra, o projeto será analisado por uma comissão do Senado, antes de ser submetidos a votação também em dois turnos.
Após a aprovação do texto, a deputada da oposição Gleisi Hoffmann (PT-PR) lamentou o avanço da proposta, que prejudica os mais pobres. "Nenhum daqueles que bateu palma aqui ganha um ou dois salários mínimos. Portanto, tirar direito dos outros é fácil. Ir para cima dos outros é fácil. Quero ver quando se trata dos próprios direitos. Quero ver quando se trata das próprias condições. Aí isso não acontece", afirmou.
Desgaste de Bolsonaro
Pesquisa Ibope, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e divulgada no último dia 27, revelou que a popularidade de Bolsonaro (PSL) cai na mesma velocidade em que surgem novas crises na cúpula do governo. Segundo o levantamento, com seis meses no poder, 51% já dizem não confiar em Bolsonaro na Presidência da República – 46% diz confiar e 3% não responderam.
O governo alega que a PEC 6 vem para acabar com privilégios e economizar R$ 1 trilhão. Uma mentira. Primeiro porque a economia vai ser feita através da redução ou extinção de direitos dos trabalhadores. Em segundo lugar porque a PEC mantém inalterados os privilégios das gordas aposentadorias dos próprios deputados e senadores e demais políticos, militares, juízes e procuradores.
Dia Nacional de Luta
As centrais sindicais, entre elas a CUT, CTB, Conlutas e Intersindical, decidiram convocar para o próximo dia 12 de julho um Dia Nacional de Luta contra a reforma, uma grande mobilização, organizada após a greve geral do dia 14 de junho. Estão previstos paralisações e protestos de rua em todos os estados e um grande ato em Brasília.

 

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