Sábado, 15 Junho 2019 00:28

Passeata toma a Presidente Vargas no encerramento da Greve Geral

A presidenta do Sindicato, Adriana Nalesso, do alto do caminhão de som, defende a ampliação da luta contra a reforma e a libertação do ex-presidente Lula A presidenta do Sindicato, Adriana Nalesso, do alto do caminhão de som, defende a ampliação da luta contra a reforma e a libertação do ex-presidente Lula

Com uma grande passeata que tomou a Avenida Presidente Vargas, trabalhadores de várias categorias, servidores da educação, profissionais da saúde, bancários, eletricitários, petroleiros e estudantes fecharam com chave de ouro as atividades da Greve Geral desta sexta-feira 14 de junho. Durante todo o dia em pelo menos 19 estados houve paralisações, atos e fechamento de vias importantes, como a Avenida Francisco Bicalho, próximo à Ponte Rio Niterói, no Rio de Janeiro.

O movimento é contra a proposta de emenda constitucional número 6 (PEC 6), a chamada reforma da Previdência, de autoria do governo Bolsonaro. O projeto está em tramitação no Congresso Nacional, já tendo o governo recuado de alguns pontos. Durante a passeata, o presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE/RJ), Eduardo Campos, defendeu a participação cada vez maior dos estudantes, já que com a reforma também perderão o direito a se aposentar. “A PEC vai afetar quem já está no mercado de trabalho, quem já se aposentou e a juventude que ainda está estudando”, disse.

Milhões de trabalhadores de diversas categorias paralisaram suas atividades, aderindo à greve nacional convocada por todas as centrais sindicais. Entre estes, petroleiros, bancários, estivadores, portuários, metalúrgicos, profissionais da educação de escolas e universidades públicas federais e estaduais, de colégios municipais públicos e da rede privada, além de metalúrgicos, jornalistas e radialistas da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), e parcialmente, rodoviários, metroviários e ferroviários.

Outra marca da Greve Geral foi a truculência da Ronda Especial de Controle de Multidões (Recom) da Polícia Militar fluminense, inclusive, com tiros de bala de borracha e bombas de gás ao final da passeata, quando esta já se esvaziava. O mesmo aconteceu pela manhã durante ato na Avenida Francisco Bicalho, em frente ao Instituto de Traumatologia e Ortopedia (Into).

Contra a reforma e por Lula Livre

Com quatro caminhões de som, a passeata saiu da Candelária, às 18 horas, tendo à frente uma grande faixa com a inscrição “Fora Bolsonaro”. A presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio, Adriana Nalesso, ainda na concentração da passeata, na Candelária, falando no caminhão de som, avaliou a greve geral como uma vitória e, ao mesmo tempo, um momento de reflexão e luta contra o projeto antipopular do governo Bolsonaro. E defendeu a libertação do ex-presidente Lula, diante das gravações que comprovam que o juiz Sérgio Moro o condenou sem provas e que agiu em conluio com procuradores de Curitiba.

“Nós, bancários, e tantas outras categorias, paramos hoje sabendo que nossa luta é legítima. Uma luta por nossos direitos à aposentadoria, que querem tirar de nós com a reforma, a um atendimento de saúde e a uma educação pública de qualidade. E mais: por democracia. Por um país onde o Judiciário aja com imparcialidade. Queremos a punição do Moro, mas defendemos também Lula Livre, já que as reportagens do Intercept mostraram que era o juiz que orientava os procuradores, sem imparcialidade, condenando o ex-presidente sem provas”, argumentou.

Adriana lembrou de outra grave pendência que é ainda não terem sido encontrados e punidos os mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco, do PSOL, e de seu motorista Anderson. Lembrou, também, que recentemente o processo de investigação do assassinato do pedreiro Amarildo prescreveu, como exemplo do comportamento do Judiciário.

O presidente do Sindicato dos Eletricitários, trabalhadores do sistema Eletrobrás, Emanuel Mendes, frisou que este é um governo submisso aos interesses dos Estados Unidos, que quer entregar, além da Previdência aos bancos, também as estatais a empresas privadas nacionais e estrangeiras. “Bolsonaro e Paulo Guedes já anunciaram querer vender o sistema Eletrobrás por R$ 17 bilhões, quando vale mais de R$ 70 bilhões. E entregar todas as estatais, entre elas o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, a Petrobrás, Casa da Moeda e os Correios, que são patrimônio do povo brasileiro como é a Previdência Social que ele quer passar para os bancos através do sistema de capitalização”, afirmou. Para o dirigente estas lutas têm que ser uma só que terminará apenas quando este governo for derrotado.  

A reforma

A proposta de reforma da Previdência (PEC 6), em tramitação no Congresso Nacional, impõe duras alterações previdenciárias aos trabalhadores e mantém privilégios de militares, deputados, senadores, juízes e procuradores. Na prática, acaba com o direito à aposentadoria pelo Regime Geral e dos servidores civis, privatiza a Previdência Social, ao criar o sistema de capitalização, e provoca a falência da Seguridade Social (Previdência, Saúde e Assistência Social), ao eximir os empregadores de sua parcela de contribuição para o setor.

Atos e interrupção de vias no Rio de Janeiro

Por volta das 5 horas da manhã, os servidores da saúde federal participaram, com outras categorias, da interrupção do trânsito na Avenida Francisco Bicalho. Com isto paralisaram o fluxo na Ponte Rio Niterói e nas vias próximas ao Instituto de Traumatologia e Ortopedia (Into). Policiais militares da Recom agiram com extrema truculência, atirando balas de borracha e jogando bombas de efeito moral contra os manifestantes.  

Houve manifestações por categoria em vários locais do Rio de Janeiro. Em Niterói, numa passeata na Avenida Amaral Peixoto, um motorista ainda não identificado atropelou três manifestantes que sofreram ferimentos leves. Um grande ato no Comperj e outro na Refinaria Duque de Caxias, também marcaram o dia da Greve Geral no Rio. Houve manifestações em todos os demais estados.   

Por volta das 8 horas, servidores da saúde federal fizeram uma manifestação unificada em frente ao Instituto de Traumatologia e Ortopedia (Into). E outro às 10 horas no Hospital de Bonsucesso. O ato no HFB também foi acompanhado por policiais da Recom. Um deles chegou a fotografar o protesto com seu celular. Estudantes e servidores do Colégio Pedro II e das universidades públicas também promoveram manifestações durante todo o dia.

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