Sábado, 08 Junho 2019 14:24
ENCONTROS ESTADUAIS BB E CEF

É preciso ampliar o debate com a sociedade sobre os prejuízos da privatização

Rita Serrano disse que é preciso levar à sociedade, o debate sobre as consequências nocivas que representam as privatizações dos bancos públicos Rita Serrano disse que é preciso levar à sociedade, o debate sobre as consequências nocivas que representam as privatizações dos bancos públicos
 

Durante a abertura do Encontro Estadual dos Empregados da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil, na manhã deste sábado, as representantes eleitas, tanto do Conselho de Administração da CEF, Rita Serrano, quanto do BB, Débora Fonseca, frisaram a urgência de barrar a privatização dos bancos públicos. Ambas consideram que, para isto, é necessário a mobilização dos funcionários destas instituições e a ampliação do debate com a sociedade sobre as graves consequências que este projeto do governo Bolsonaro trará para a população e para todo país.
Segundo Rita, é possível impedir a execução da entrega de todo o patrimônio ao setor privado nacional e estrangeiro, mas a resistência tem que começar imediatamente. Avaliou que o projeto é o mesmo para todo o setor público, tanto para a Previdência Social, quanto para o Sistema Único de Saúde (SUS) e a Assistência Social, através da capitalização e outros tipos de privatização, quanto os cortes na Educação e venda de todas as estatais, incluindo aí a Caixa e o BB.


Venda da parte mais rentável


“Tem várias formas de privatizar. Através de leilões, ou da abertura de capital, como aconteceu no sistema financeiro, com o Banco do Brasil, cujo capital foi aberto em 1969 em plena ditadura militar. Não houve resistência em função da truculência do sistema. Este governo de agora decidiu fatiar e vender as partes mais lucrativas destas empresas. Na Caixa querem privatizar na totalidade as loterias, que destinam à Previdência Social 40% do seu lucro, o setor de seguros e o FGTS. O que vai sobrar? A rede de agências e os empregados”, argumentou. Frisou que, no BB, que já é sociedade anônima, vai acontecer o mesmo com cartões e seguradora, já tendo sido reduzido o financiamento agrícola. Na Petrobras, o governo quer entregar a petrolíferas estrangeiras o que resta do pré-sal e subsidiárias, como a BR Distribuidora. “E tudo com o apoio do Supremo Tribunal Federal (STF) que decidiu que a venda de subsidiárias de empresas públicas pode ser feita por decisão exclusiva do governo sem a necessidade de autorização do Congresso Nacional.


Demissões em massa


“O cenário é igual para todas as estatais. Dentro deste projeto, já como preparação da privatização, estão demitindo em massa os concursados, como já foi feito na Casa da Moeda e Eletrobrás. O que vai acontecer também no BB e na CEF”, advertiu. Apesar do cenário sombrio, tanto para Rita, quanto para Débora, é possível barrar o projeto. Débora enfatizou que é fundamental a população saber como será prejudicada caso passem as privatizações, já que o setor privado está interessado apenas em lucrar cada vez mais e não em investir para reduzir as desigualdades sociais. "É preciso, ainda, debater e obter o apoio de prefeitos e parlamentares dos estados e municípios, alertando para os efeitos nocivos deste desmonte”, defendeu Débora. Ambas avaliaram que há uma disposição de grande parte da população de lutar contra o desmonte do setor público que Bolsonaro e Paulo Guedes querem implementar.
Para o presidente da CUT do Rio de Janeiro, o bancário da CEF, Marcelo Rodrigues, também presente à mesa de abertura dos encontros, essa disposição isso ficou comprovada nas mobilizações nacionais dos dias 15 e 30 de maio. “Mas é preciso ampliar esta resistência, principalmente construindo uma forte greve geral no dia 14 de junho contra a reforma da Previdência, os cortes na educação e as privatizações”, defendeu.
Rita lembrou que segundo pesquisa do Instituto DataFolha, 70% da população é contra a privatização de estatais. Pesquisas também mostram que os bancos públicos como a Caixa e o BB são os mais lembrados pela população, seja pela sua existência centenária e mesmo com o desmonte e redução do número de funcionários. Isso mostra a relação histórica e a importância destas instituições para o povo brasileiro.


Guedes muda o discurso


Rita lembrou que a privatização é feita para enriquecer ainda mais os ricos. “Antes eles usavam o discurso da ineficiência, caso a estatal não fosse lucrativa. Agora, como todas são altamente lucrativas, entre elas o Banco do Brasil, BNDES, Caixa, Eletrobrás e Petrobras, o Paulo Guedes passou a dizer que se é para ter lucro como uma empresa privada, melhor então, privatizar de uma vez”, afirmou. “Eles ficam escondendo a importância do setor público para a sociedade. Nos Estados Unidos, o país mais liberal do mundo, o Estado investe forte na economia. É dono da General Motors, investiu pesadamente nos bancos na crise de 2008 e tem 60% de sua rede el&eacu te;trica estatal. Na Europa, as 500 maiores empresas são estatais. Onde foi privatizado, saneamento, água e lixo estão sendo reestatizados. E, aqui no Brasil, Bolsonaro e Guedes querem acabar com o setor público, o que causará danos irreparáveis para o desenvolvimento econômico e social do Brasil, prejudicando os assalariados, e só vai beneficiar os grandes grupos nacionais e estrangeiros”, afirmou Rita.

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